SOBRAMES - MA

A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - regional Maranhão, tem o prazer de apresentar aos amantes da literatura brasileira o seu blog Receita Poética,uma verdadeira literapia para a alma.



MÉDICOS QUE CURAM O CORPO TAMBÉM SACIAM A ALMA....

Poesias

31 agosto 2010

Praça Gonçalves Dias - São Luis, Ma

O poeta
O sabiá
e a praça

Sem sabiá
o Poeta
e a praça

sem poeta
o sabiá
e a praça

a praça
sem sabiá
sem poeta
sem graça


Mário Luna



24 agosto 2010

Consultando..


De x pressão
Estou na flor da pele
desconhecendo
o piso
temendo
afundar
em abismo
em mar
em mim
De x com pressão
estou nua
desnuda
despido
emoçõe sem ritmo lento
afagando lembranças
estancando saudades
sigo
e persigo
a verdade
do ter
e sentir

Socorro Veras

08 agosto 2010

As muralhas da razão


Por sobre as muralhas da razão
contemplo-te ao largo, e choro...
como fazem os judeus
diante dos muros das lamentações


Armo-me com minhas milícias de sonhos
para apoderar-me de ti
mas sinto-me impotente
diante das muralhas da razão e choro..
como fazem os judeus
diante dos muralhas das lamentações


Acampo-me ao teu redor
preparo uma campanha
visando tomar o teu coração
mas detenho-me ao longe, e choro...
como fazem os judeus
diante do muro das lamentações.


O destino colocou-me em estratégia
entre o teu passado e o teu futuro
entre a primavera quando a esperança renasce
e o outono quando tudo o que era belo desfloresce ..e choro.
como fazem os judeus
diante do muro das lamentações


Desejo ultrapassar os teus escudos
dominar as tuas fortalezas
sitiar o teu coração numa última batalha
mas diante das muralhas da razão
soçobraram meus sonhos, e choro
como fazem os judeus
diante dos muros das lamentações.


Michel Herbet

31 maio 2010

Êxtase


Beijo estrelas
transo a lua
no meu equador
saliva de nuvens
vênus
plutão
orbitam delírios
marte a minha solidão
buraco
de minhas galáxias.

Rafael de Oliveira

Tortura


Estico a palavra
torturo-a até a ultima letra
que se contorce como um corpo cansado
Dilacero-a
sobre a folha branca
onde escorre sob o sangue amargo
da minha dor
esquartejo linhas
e entrelinhas
que significam o outro
que ainda não sou
em mim
desejo
e ordem
como um vulcão
que ferve em silêncio
uma montanha de fogo
ou
como o vento que arrasta o telhado
das árvores
exploro seu sexto sentido
arranco sobre os os trilhos negros
todos os seus gemidos
até a fênix da minha
última cópula.


Rafael de Oliveira

18 maio 2010

Por um mundo melhor


O tempo vestiu a noite em sombras
anoitecia
aliás estávamos a contemplar
o mar exuberante, grandioso...
naquele instante
assistíamos a um vulto mergulhar
numa silenciosa prece
emanando de sua face uma expressão
de aflição e desespero
e ao sabor da brisa foi caminhando
enquanto o vento açoitava o seu cabelo
e enchia o seu roupão
Andou. Andou. Parou...
olhos fitos no horizonte
seu olhar se perdeu no infinito
e sua alma apelou ao Pai dizendo:
Oh Deus da criação
Porque rompeste comigo?
escuta meus anelos
estou na aflição do pecado
eis meu recado, eis meu apelo :
preciso tanto estar contigo
já basta de tanto viver sofrendo
já basta de lutar morrendo
Se há um mundo melhor
se há um amanhã sem dor
é esse que eu quero
neste estou só
sem alegria e sem amor
os ouvidos do mundo
os lábios do mundo
já não me ouvem
já não me olham
já não me falam
já não me acolhem
todos esqueceram de mim
vejo todos os sonhos no fim
esta vida não presta
só resta partir ao teu encontro
encontrar a paz dos sonhos infantis
plantados em minha mente
por minha mãe..minha avó...
o farrapo enlouquecido
partiu ao encontro da sorte
nas asa da morte
seu corpo perdeu-se nas ondas do mar.
e o mar abraçou-o eternamente
quando o mundo volveu a atenção
para ouvi-lo
olhá-lo
falar-lhe
abraçá-lo
já era tarde demais
só restou a lamúria do mundo
coitado era tão bom, tão feliz!...
era apenas uma vida interrompida
não conseguiu chegar ao fim da montanha...
agora perguntamos... que resta fazer?


Joaquim Melo

Medos


Não tenho medo de morrer
Tenho medo do tempo
que pode não te trazer
naquele viés do vento
ou mesmo
nas pancadas de chuva
que caem translucidamente
em meu quintal...
Não tenho medo de morrer
tenho medo de não acontecer do amor
e dasaparecer
sem nenhuma lágrima
sem nenhum adeus
e me fazer sofrer...
Não tenho medo de morrer
tenho medo de não ouvir aquele som tão sonhado
daquela voz aveludada
cheia de tons celestes
ou verdes dos mares do sul...


Dilercy Adler