SOBRAMES - MA

A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - regional Maranhão, tem o prazer de apresentar aos amantes da literatura brasileira o seu blog Receita Poética,uma verdadeira literapia para a alma.



MÉDICOS QUE CURAM O CORPO TAMBÉM SACIAM A ALMA....

Poesias

29 abril 2010

Luz


Luz de tamanha dimensão e bem querer
Ainda que perversa maluquice irresistível
Vale a pena viver!
Apesar da assaz aceleração autônoma
Igual à voraz e ininterrupta descarga de adrenalina
Elevando a voz rouca que me vibra no peito
Meticulosa e no mesmo compasso
Alçada rumo ao eco desejado!
Raios de incrível efeito contagiante
Semelhante ao orvalho de uma aurora primaveril
Atraem-me tal pássaros em seus devaneios!
Ah! o coração palpita inigualável
Loucamente experimenta esperança
Muitas vezes apenas lembranças
Exclusivas da linguagem semântica da paixão!
Incessante bálsamo que rega a felicidade
Deixa-me viver cada instante
Deliciosamente mergulhado no espectro
Rigorosamente limitado pelas belas curvas!
Oxalá possa eu cultivar tal ilusão
Com a convicção de ter tocado a luz
Hipnotizado pela diversidade de cores
Que tanto encanta minha grata imaginação!

Hilmar Hortegal

23 abril 2010


Lá onde o céu e o mar se encontram
lá no horizonte
onde o sol morrendo se esconde
onde só o poeta sonhador
chega lá
é onde mora a saudade
no infinito das horas
no infinito do tempo
no infinito do coração
no abrir majestoso do botão
no cruzar de olhos marejados
no aceno leve, suave da mão
é onde chora a saudade
no tempo lento que não escoa
no amargo da solidão
na velocidade da curva
que se encurva sem direção
na hora que insiste em ficar
na hora de descansar
na calada da noite
que se busca sonhar
na ânsia louca, louca de voltar
é onde geme a saudade.


Paulo Martins

22 abril 2010

Simplesmente Mulher


Mulheres belas, mulheres lindas, mulheres boas, mulheres más
sonho de criança, corpo de mulher
caminham, brincam, são pétalas de rosa
num jardim feito de pedra
são sopros de alegria e de leveza, num lugar turbulento, agressivo
são bondade e doçura em meio ao mal e à ignorância
são as homônimas da beleza criadas em um corpo especial
com formas arredondadas, dádivas de um criador sábio e detalhista
pondo em cada uma delas, um certo requinte e efeito
que lhes dá característica própria
A admiração por tal realização transcende a palavra humana
o efeito criado por estes corpos, nesta selva de pedra chamada cidade
ameniza de alguma forma o ruim, o mal
e dá por certo instante consolo e alegria em algum coração.


Erivaldo Amâncio

Entardecer


Era final de tarde
A luz do dia espreguiçava
a noite caia a passos largos!
o bailar das gaivotas ao longe
um verdadeiro show da vida!
um forte vento frio
soprava da imensidão do mar
de bravas ondas e aguas mornas
enchia os pulmões da avenida
e acalentava a minh'alma
o sol do alto de minha cidade
num amplo espectro multicolor
do infinito olhar
visão inigualável desta divina arte
que teima deixar lembranças
cristalizadas na saudade!
meus passos curtos, lentos
deixavam marcas profundas
no gemido da fria areia da praia
e, margeando a branca espuma
do vai-e-vem frenético da maré
levavam-me ao delírio
às belezas naturais de São Luis!


Hilmar Hortegal

20 abril 2010

A Rosa


Pendulária
Luminosa
Veste-se
Para o seu único baile
A sinfonia da brisa
Nos braços carrega
O seu dia
Depois sangra o tempo
Desfaz-se a sua aréola de luz
A seiva
Em desvario
Se esvai

Apenas pétalas
Uma a uma
Caem
Nua
A haste sente o frio da noite
Curva-se
Para a sua última e
Definitiva
Queda.


Mário Luna Filho

Viagem


Meu desejo é
fugir de mim..
sentir-me num leve pensamento
viajar
pelo universo
andar
na velocidade da luz
ultrapassar
o limite do tempo
alcançar
a leveza do ser
sentir
um êxtase na alma
depois de tudo
voltar a me encontrar


Michel Herbert

O Tempo I


O dia vem a mim
pelo relógio
que na parede fatia
minha vida
em ínfimos pedaços

Assisto ao meu dissecar
sem perceber
a verdade cruel
que o tempo constrói

O implacável ponteiro
segue sua faina
e eu sem força para resistir
atendo à voz do mundo
que lá fora
indiferente à minha angústia
grita meu nome..


Antônio de Pádua

Sonho de Poeta

É transformar seus versos numa arma
capaz de penetrar na profundeza
da alma humana...
É fazer da simplicidade
da gota da chuva
do brilho do sol
da luz do luar
uma linguagem que expressa
a dor e a alegria
o amor e a poesia

Sonho de poeta
é transmitir um sonho de liberdade
revolucionar o interior do homem
e assim mudar a humanidade
é fazer o fraco
engolir o soluço
enxugar sua lágrima
erguer a cabeça
olhar o horizonte
levantar e andar sem medo de errar


Michel Herbert

19 abril 2010

A velha Ponte


A velha ponte
Era um caminho de táboas
Soltas, gastas, desgarradas
Por onde passavam
Vidas, dores, mágoas
Daquela gente pobre
Sofrida, abandonada
Mas cumpria a missão
De quem lha concebeu:
Ligar a Matriz
Ao pobre bairro do Abreu.
O tempo passou
E a velha passarela
Ao peso do abandono desabou
Hoje ninguém passa por ela
Hoje ninguém mais lhe dá valor
Mas teve no passado o seu momento
E foi da minha infância
Um monumento
Agora dói-me vê-la assim, abandonada
Sem guardar nenhuma semelhança
Com a velha ponte
Que eu trago na lembrança.


Antônio de Pádua

18 abril 2010

Nirvana


Sonhar
Passear nos desejos
Viver
Por tantos sonhos
Passeio os meus desejos
Em caminhos imaginários
Que me levam a viver tudo
Troco as vontades não realizadas
Pela esperança
As vontades não planejadas
Pela fé
E as vontades que não tenho pela paz.


Arquimedes Vale

De Soslaio


Se me olhares por um instante
Verás que sou a imagem perfeita de um dilema
Sou por vezes capaz de aceitar
O outrora rejeitado mal
Dizer que sim, quando na verdade
Repulsa o não dentro de mim
Sou até capaz de sorrir diante da dor
E do desamor
Chorar de alegria diante da vitória
E acreditar que não passo de um derrotado
Quando no fundo no fundo
Sou mais que vencedor
Sou um amante fugaz da justiça
Busco constantemente viver a harmonia
Do meu desarmônico eu
Sou até capaz de um soslaio
Julgar-me justo, reto
Talvez quase perfeito
Procuro dia-a-dia
Entender a lógica do caos que me atormenta
E quem sabe assim
Compreender os meus passos
E o caminho do homem

Por isso tento, em cada segundo
Perscrutar o timbre desafinado
das cordas do meu coração
E assim reproduzir o tom
desta minha dissonante geração.


Michel Herbert

Mundo


O mundo é esquizofrênico
partido
cindido
com muitos destinos
contraditórios
ambíguos

O meu destino
esquisito
se revela
em fatias de fantasia
desatinadas
impregnadas de realidades
distorcidas
mas
acima de tudo
com rasgos de lucidez
incontestável lucidez
no amor revelado
de outros destinos
que cruzaram ou ainda cruzam o meu!

Dilercy Adler

Amor Total


Fiquei refletindo sobre o amor...
Amor ideal. Amor real. Amor incondicional. Amor total.
Não amamos alguém só pelas suas qualidades
Pela aparência, intelecto ou pelo seu jeito.
Amamos pela totalidade
Sem uma grande explicação racional.
Amamos até e inclusive pelos seus defeitos.


Deíla Barbosa Maia

15 abril 2010

Catando Pérolas


Vou em busca de ti
No teu esconderijo
E te vejo concha cerrada
A um jorro de água turbulenta
is rolando
E eu te sigo, esperando
A tua natural movimentação
De respirar.
Estou pacientemente aguardando
Como curioso cientista
À espera de uma resposta
Às suas experiências
Cuja dedicação lhe tomaram tempo
E lhe encheram de esperanças
De gritar "Eureca"!
E te espero
Uma vez mais
Sem ânsia
Sem desejos
Mas espero.


Socorro Veras

Indecisão


Não sei o que pensas
Nem penso o que sabes
Quando debruças e rebuscas
O fundo da despensa
Onde se guarda
A alma e o hábito.

Não sei o que queres
Nem quero o que sabes
Quando no hálito procuras entender
O gosto que acontece
Do tempo que esmaece
No amor que enfraquece.

Não sei onde estás
Nem estou onde sabes
Quando na hora de fugir
Para o próprio interior
Ainda esperas decidir,
Eu já estou
Nas asas de um condor


Arquimedes Vale

O brilho de uma esmeralda



Das profundezas de um oceano de infinito amor
Transcendente e bela como cintilar da estrela
Aflora cândida e formosa como uma pérola

És o broto fecundo que viceja
Do ventre amada, abençoado
Promessa que resplandece na manifestação divinal

Traz na alma a grandeza pura, venerada, tão amada
O sorriso aberto, cristalizado na alegria da chegada
Iluminando os porões cheios de muita saudade

Fecunda semente que brotou tão linda
Como belo é o olhar da luz projetando sonhos
Arte das mãos magistrais acordando lembranças

Adormecidas na noite cheia de encantos e mistérios
Acompanhar o volver
das ondas e o deleitar de espumas
valorizando a vida na expressão sublime de um grande renascer!


Joaquim Melo

14 abril 2010

Fragmentos de mim


Esmero-me em compreender

desde o nascer
uma resistência em existir
No viver
Luta insana para se ouvir ouvir

No partir
Deixo frases, versos enlouquecidos, fatos revelados
Deste ectoplasma que sou
E que nada são do que fragmentos de mim, desconhecido.
Revelo-me segundo a segundo
No chorar
No sorrir
No amar
Como uma parte deste mundo
Sou um projeto de Deus que reluta
Em se fazer real.
Neste momento
Sinto uma dor onírica na alma
Ao descobrir que em meus devaneios
Nem quase tudo eu posso
Acordo então
E brado em alta voz:
Eu preciso de ti

Michel Herbert

12 abril 2010

O Tempo II



Não pergunte
O que serei depois
Se alma
Se verme
Se nada


Veja o que fiz
Esqueça o que
O mundo diz
Veja o que escrevi
O que falei
O que de mim deixei
Onde acertei
E os erros que cometi
Aí, por certo estarei...


Antônio de Pádua

11 abril 2010

Soneto dos sonhos reais


Não quero somente sonhar meus sonhos
Desejo torná-los tão somente reais
Vivê-los imensamente proponho
Só não quero meu Deus , os ais.

Amar em vida seres reais
Trazer para esta dimensão o que o tempo apagou
Dizer o que senti nos sonhos que não retornam mais
Falar do amor que a saudade deixou

Mas o sol invade pela fresta desfazendo a fantasia
Trazendo a tristeza que outrora era alegria
Desmanchando assim o rascunho do amor.

A rigor, a vida que vivemos hoje, são sonhos reais
Que os encontros furtivos com o presente nos trazem
A ilusão do futuro e as certezas dos ais.

Michel Herbert

Deixo



Deixo-lhes simples versos
Que para uns são partes de mim
Mas que para mim são toda minha essência
São patrimônios da minha alma
Tesouros profundos revelados
Antes recoberto pelo manto do silêncio
Hoje revelados em folhas de papel.


Michel Herbert